CHILDREN exposed
to interparental violence: A BRIEF bibliometric
and bibliographic research.
Lélio Moura Lourenço,
Fellipe Soares Salgado, Ana Carolina Amaral, Suzana Fajardo Leal Gomes &
Luciana Xavier Senra
Nevas
– Núcleo de Estudos em Violência e Ansiedade Social – UFJF
Universidade
Federal de Juiz de Fora, Juiz de Fora, Brasil
Resumo:
O presente
trabalho consiste em uma pesquisa bibliométrica e bibliográfica, que investigou
os resultados do impacto da exposição à violência interparental em
crianças. Realizou-se uma busca
eletrônica em duas diferentes bases de dados, BVS e Psyc Info, com associação dos descritores “conflito
familiar” e “criança” e “domestic
violence” com “child”,
respectivamente. Foram selecionados apenas artigos entre 2005 e 2010 observando
autor, periódico, metodologia e resultados principais. Dos 211 artigos
coletados, foram selecionados 15, destacando país e periódico com mais números
de publicações (EUA, 12; Canadian
Psychology, Journal of Youth Adolescence, Journal of Family Psychology, 2,
respectivamente). Os resultados apontaram que o impacto desse tipo de violência
assistida por crianças é evidente no curso de seu desenvolvimento, ocasionando
sintomas depressivos e queda no desempenho escolar. Destaca-se a necessidade de
novas pesquisas relativas ao tema, cuja produção é ainda incipiente.
Palavras –chave:
Violência doméstica; crianças testemunhas de violência
Abstract:
This study aims
to perform a bibliometric and bibliographic research, to investigate impact
results in children’s exposure to interparental violence. An electronic search in two different databases, BVS and PsycInfo, associated with the descriptors "family
conflict" and "child" and "domestic violence" to
"child" was done. We selected only articles between 2005 and 2010
observing author, journal, methodology and major findings. Of the 211 articles
collected, 15 were selected, highlighting the country and with more numbers of
periodical publications (U.S., 12; Canadian Psychology, Journal of Youth
Adolescence, Journal of Family Psychology, 2, respectively). The results showed
that the impact of such violence assisted by children is evident in the course
of its development, causing depressive symptoms and poor academic performance.
Furthermore, the need for research on the topic, because literature review
showed a fledgling production in this segment.
Key-word: interparental violence, exposed child,
bibliometric and bibliographic reseach
Introdução
No Brasil, a violência
contra crianças e adolescentes é considerada um grave problema de saúde
pública. A conceituação dessa forma de violência vem sendo ampliada,dada a uma
maior conscientização relativa ao bem-estar e aos direitos de crianças e
adolescentes, bem como do impacto que a violência exerce sobre o
desenvolvimento dos indivíduos, sobretudo nestas etapas da vida. As definições desse fenômeno variam
também conforme as diversas visões culturais e históricas, com os direitos e o
cumprimento de regras sociais referentes a criança e seus cuidados e de acordo
com os modelos explicativos para a violência como observado pela Sociedade
Brasileira de Pediatria. (Brasil, Ministério da Justiça e Fundação Oswaldo
Cruz, 2001).A violência é
expressa de diferentes maneiras: física, sexual e psicológica,
negligência/abandono, política, econômica e patrimonial; e dirigida à várias
vítimas: homossexuais, grupos étnicos, idosos, homens, mulheres, adolescentes e
crianças. No caso específico da violência familiar ou doméstica contra a
criança, a violência pode ser evidenciada, além dos referidos modos, de acordo
com Ferreira, A.L.; Neto, A.A.L; Silvany, C.M.S; Deslandes, S.F. et al.
(2001), pela
Síndrome de Münchausen por Procuração. No entanto, independentemente dos termos
utilizados para nomeá-la, a violência contra crianças é definida por toda ação
ou omissão capaz de provocar lesões, danos e transtornos a seu desenvolvimento
integral (Deslandes, Assis & Santos, 2005).
O contexto familiar é
entendido como o espaço primordial de acolhimento e suporte para as crianças.
Entretanto, nem sempre este cenário se apresenta dessa forma, como nos casos em
que este ambiente é marcado pelo fenômeno da violência. Segundo o ministério da saúde brasileiro e a Fundação Oswaldo
Cruz (2010), a violência intrafamiliar
ocorre nas relações hierárquicas e intergeracionais e consiste em
formas agressivas da família se relacionar, por meio do uso da violência como
modo de solução de conflito, bem como estratégia de educação. Inclui, também, a
falta de cuidados básicos com os filhos. Outra variação desse tipo de
violência, entendida como psicológica, é denominada de testemunho da violência e refere-se a situações
violentas presenciadas pela criança/adolescente em casa, na escola, na
comunidade ou na rua.
De acordo com Sani (2008), a exposição da criança à violência é
definida como uma exposição à violência interparental, violência conjugal ou
violência marital, e designa “o tipo de vitimização, ou seja, o testemunho pela
criança de violência entre duas pessoas próximas afetivamente e com quem
partilha o mesmo espaço físico” (p. 95).
Para que o impacto da
violência sobre a criança seja avaliado, em especial no que se refere à criança
exposta à violência intrafamiliar, é necessário o entendimento de que a
infância é uma etapa da vida extremamente delicada e importante e que requer
significativos investimentos afetivos e de suporte social. Os cuidados
prestados pela família e por outros grupos sociais e instituições à criança
influenciarão sobremaneira sua possibilidade de sobrevivência e de qualidade de
vida. Ademais, servirão também como uma espécie de espelho de valores no qual
ela vai se refletindo e formando suas idéias sobre si mesma, sobre o outro e
sobre o mundo em que vive (Deslandes, Assis & Santos, 2005).
Para Sani (2008), não é possível estabelecer um modelo reativo
da criança à violência doméstica, ocorrendo, inclusive, reações bastante
divergentes. Contudo, diversos fatores podem auxiliar na compreensão desse
impacto, tais como: idade, gênero, freqüência, intensidade e severidade dos
conflitos, sua resolução, as formas de expressão da violência, o suporte
social. O conhecimento dessa realidade é essencial para que melhores formas de
prevenção e minimização dos efeitos negativos possam ser determinadas. Por
isso, o Conselho Federal de Psicologia (2009) destaca que quaisquer abordagens
profissionais, preventivas ou de intervenção, devem ser consideradas sempre de
modo interdisciplinar, acrescentando aí também a importância da
intersetorialidade, para que o trabalho se configure como uma rede de proteção
articulada.
Um lar onde paira um constante clima de tensão e de conflito
familiar iminente é o ambiente onde se desenvolvem essas crianças testemunhas
da violência e isto traz conseqüências, que vão desde marcas físicas, privação
da satisfação de necessidades básicas (biológicas e psicológicas) e de
educação, ao surgimento de problemas fisiológicos, emocionais, cognitivos e comportamentais.
O envolvimento com a violência de figuras tão significativas para a criança,
como os pais, responsáveis originalmente pelo seu acolhimento e proteção e com
as quais se identifica, suscita diferentes reações na mesma. Ela pode assumir
uma postura passiva diante dessa realidade ou ativa, buscando interferir de
maneira que a situação seja interrompida. Isto acontece de acordo com a forma
como a criança constrói no seu psiquismo os significados e as representações
sobre a experiência vivenciada, por meio de recursos próprios. Neste sentido,
estudos salientam também que não serão todas as crianças expostas à violência
intrafamiliar que responderão negativamente, visto que a presença de fatores de
proteção pode exercer um papel fundamental. Dentre estes, destacam-se: o
ambientes escolar, o relacionamento com a vizinhança, o suporte advindo de
demais membros familiares, entre outros (Sani, 2008).
A referida autora, ao estudar os casos de duas crianças que
foram testemunhas de violência doméstica descreve o impacto dessa situação no
desenvolvimento infantil. O estudo permitiu identificar sentimentos de
ansiedade, medo, insegurança, vergonha, bem como comportamentos agressivos e
manifestações depressivas. É preciso se considerar também que crianças
testemunhas de conflito familiar encontram-se inseridas em um sistema de
justiça, civil ou criminal, podendo tal fator desempenhar um prejuízo no seu
desenvolvimento psicológico, sendo necessário, portanto, a tomada de
determinadas precauções diante dessa realidade. É o que o Conselho Federal de
Psicologia (2009) aponta como danos secundários. Os danos primários são
aqueles decorrentes da própria situação de violência, já os secundários são
aqueles decorrentes de intervenções inadequadas ou de não intervenções da rede
de atendimento e proteção.
Sob esse aspecto, Sani (2008) evidencia a pertinência de algumas
diretrizes para a atuação profissional daquele que se depara com o cenário da
exposição de crianças à situações de violência, segundo o guia de operação da Office for victims of crime (conforme
citado pela autora):
possuir treino em nível de avaliação e identificação de casos, providenciar
assistência e proteção no âmbito do sistema judicial, adaptação de práticas
condizentes com as necessidades do desenvolvimento infantil e colaboração com
outros organismos e instituições envolvidos com a assistência à criança em
situação de risco, bem como demais profissionais.
Tendo em vista o conceito
ampliado de saúde e a partir das considerações expostas e da relevância do tema
na atualidade, o presente estudo tem como objetivo verificar em publicações
científicas pesquisadas na base de dados eletrônica BVS (Biblioteca Virtual em
Saúde), quantas se destinam a investigar o impacto da violência familiar na
criança.
Método
O presente estudo se
caracteriza como uma pesquisa bibliométrica, definida como “o estudo dos
aspectos quantitativos da produção, disseminação e uso da informação
registrada” (Macias-Chapula, 1998), ou seja, baseia-se no levantamento da
produção científica acerca do impacto da violência interparental na vida da
criança. Selecionou-se como base de dados para a busca a Biblioteca Virtual em
Saúde (BVS), proposta e desenvolvida pelo Centro Latino-Americano e do Caribe
de Informação em Ciências da Saúde – BIREME. A BVS se caracteriza como uma das
principais iniciativas mundiais em informações científicas e técnicas e reúne
publicações de diversas fontes como Lilacs, Medline, Adolec, Ibecs, entre
outros.
Para definição das
palavras-chaves de busca, realizou-se uma consulta ao DeCS – Descritores em
Ciências da Saúde, que consiste em vocabulário estruturado em três idiomas,
criado pela Bireme para servir como uma linguagem única de indexação. A partir
da consulta ao DeCS, foram selecionados os seguintes descritores de busca:
crianças (child, niño) e conflito
familiar (family conflict, conflicto
familiar). A escolha deste último baseou–se na aproximação da definição do
descritor do assunto que se busca levantar nesta bibliometria. Segundo o DeCS
(2010), no descritor conflito familiar estão inscritos trabalhos sobre os
conflitos emocionais e verbais entre os membros da família, tendo como sinônimo
conflito interparental e conflito conjugal.
Na base de dados PsycInfo
a busca foi realizada através da associação dos descritores “conflito familiar”
com “criança” e “domestic violence”
com “child”, respectivamente em razão
de nenhuma das bases utilizadas possuírem como descritor “violência
interparental”, de acordo com os critérios também adotados para a base já
mencionada e conforme denotam algumas publicações de autorias ibéricas (Pereira,
2008, 2006; Sani, 2008).
Foram
selecionados artigos publicados em revistas indexadas (excluíram-se teses e
outros tipos de publicações), que abrangessem como ano de publicação e o
período entre 2005 e 2010. A análise deveria ser focada no impacto da violência
doméstica e/ou interparental na vida da criança.
Os
procedimentos de seleção e de análise envolveram: 1) a leitura flutuante dos resumos
a fim de definir aqueles que atendiam aos critérios de inclusão definidos ; e,
2) a leitura dos artigos selecionados, a fim de verificar os resultados
obtidos.
Resultados
A
busca a partir do cruzamento dos descritores “conflito familiar” e “criança”
resultou em 211 registros publicados entre 2005 e 2010. Em relação ao ano e
país de publicação, nota-se um crescimento do número de registros ao longo dos
anos, sendo 2009 o de maior número de publicações. Vale destacar que a busca
foi realizada no mês de junho de 2010, o que justifica o pequeno número de
publicações encontradas neste ano. A figura 1 demonstra uma tendência de que
este número se aproxime ou supere os valores obtidos no ano de 2009.
Os
periódicos que mais apresentaram publicações foram: 1) o Journal of Family Psychology com 26 registros; 2) o Developmental Psychology (7 registros); 3) o Child Maltreatment e 4) Jounal of Pediatric Psychology (ambos
com 6 registros). Em relação ao tipo e número de vítimas, 73% dessas
publicações apontaram a criança como principal vítima de violência doméstica e/ou
interparental. Um número significativo quando consideradas as características
desenvolvimentais da criança, que explicitam menor repertório de comportamentos
de defesa, se comparadas aos adolescentes e adultos.
A
partir da leitura flutuante dos 211 resumos, chegou-se a um número de 15
artigos que se destinavam a investigar quais as conseqüências da violência
interparental para a criança que assiste a esse conflito. Dentre estes, 1
registro em 2005; 2006, 2 ; 2007, 3; 2008, 1; 2009, 4 e em 2010, 3. Entre os
periódicos, o Journal of Family
Psychology, Journal of Youth
Adolescence e Canadian
Psychology/Psychologie canadienne apresentaram 2 publicações cada. Os outros periódicos que
tiveram apenas um registro foram: Developmental Psychology, Child
Maltreatment, Child Abuse and Neglect, Journal of Pediatic Nursing e Journal of Child Psychology and Psychiatry. Esses
dados podem ser visualizados a seguir, na figura 3.
Os Estados Unidos se destacaram com maior
prevalência de publicações, sendo a maioria, estudos com metodologias
longitudinal e transversal. Menos presentes, os estudos longitudinais são
aqueles nos quais “as variáveis relacionadas a um indivíduo ou grupo de
indivíduos são acompanhadas por anos e com contato a intervalos regulares”
(DeCS, 2010), caracterizados por serem de alto custo e de difícil conclusão. Já
os estudos transversais, estes mais presentes, são “estudos epidemiológicos que
avaliam a relação entre doenças, agravos ou características relacionadas à
saúde, e outras variáveis de interesse, a partir de dados coletados
simultaneamente em uma população” (DeCS, 2010).
A análise dos artigos permitiu verificar que as
conseqüências mais frequentemente notadas nas crianças que testemunham a
violência entre os pais foram: (a) sintomas depressivos/ insegurança; e (b)
problemas relativos a ajustamento/conduta e agressividade. Podemos observar que
a queda do rendimento escolar aparece apenas em sete por cento, o que demonstra
que os aspectos psicológicos e psicossociais são mais significativos no que
concerne às respostas encontradas na referida pesquisa. Esses dados são
explicitados na figura 4.
Considerações
Finais
A
partir da análise da presente pesquisa bibliométrica sobre crianças expostas à
violência interparental, verificou-se que o testemunho do conflito
interparental ocasiona sintomas fisiológicos, emocionais, comportamentais e
psicológicos, além de problemas desenvolvimentais como baixo desempenho
acadêmico, dificuldades de ajustamento e comprometimento das relações
interpessoais e sociais. Tais sintomas e problemas foram frequentemente
relatados nos diversos estudos realizados na América do Norte e Europa,
conforme evidenciado nos artigos selecionados na busca feita na base de dados
BVS.
No
que concerne aos sintomas fisiológicos, emocionais e psicológicos, autores como
O’Donnel, Moreau, Cardeml e Pollastri (2010), Salisbury, Henning e Holdford
(2009), Shelton e Harold (2007, 2008) e Cui, Donnelan e Conger (2007)
ressaltaram déficit de assistência às necessidades básicas infantis, depressão,
stress pós traumático, insegurança ou diminuição da auto-estima. Esses autores
observaram que quanto mais expostos aos conflitos interparentais e quanto mais
intensa for a violência testemunhada pela criança, mais evidenciados serão os
problemas. Estes aspectos remetem às recomendações de Sani (2008) quanto à necessidade
de intervenção, seja ela individual ou em grupo, junto às crianças que assistem
ao conflito interparental, bem como junto às famílias, tendo em vista os
desdobramentos negativos de grande impacto sobre todo o desenvolvimento da
criança.
Diversos
outros autores e autoras, tais como Ghazarian e Buehler (2010), McDonald,
Jouriles, Tart e Minze (2009), Whiteside-Mansell, Bradley, McKelvey e J. Fussel
(2009), Grundy, Gondoli e Salafia (2007), salientam problemas de comportamento
e ajustamento, queda no desempenho acadêmico e reprodução de comportamentos
agressivos, hostis e de rejeição assistidos nos contextos familiar, acadêmico e
social. Por meio desses estudos, constataram-se não somente a necessidade de
algum tipo de intervenção como também da continuidade de pesquisas e de criação
e/ou aperfeiçoamento dos instrumentos existentes para tal intervenção, pois o
impacto da experiência de violência para a criança ou adolescente é unânime
enquanto fator de risco em seu desenvolvimento. Os estudos também revelaram que
algumas crianças não apresentam respostas negativas uma vez tendo sido expostas
ao contexto de violência por se utilizarem de ações deliberadas que foram e são
aprendidas ou descartadas com objetivo de enfrentar o stress percebido.
Os
dados da presente pesquisa demonstraram também que as crianças e adolescentes
que assistem/ testemunham o conflito/violência interparental ainda são vítimas relativamente
esquecidas, ou seja, carecem de proteção oficial e dos possíveis benefícios de uma
intervenção psicológica mais sistemática. Um apoio mais organizado e pertinente
à demanda vigente, apoio este proveniente dos sistemas político, social e de
saúde para promoção de suporte familiar e bem-estar no curso do desenvolvimento
se faz necessário. Este tipo de intervenção se apresenta como fundamental na
promoção de saúde dessa população específica.
O
Brasil, ao verificar alto índice de violência em diversos âmbitos, através de
órgãos especializados e em conformidade com perspectivas evidenciadas nos
estudos norte americanos e europeus, tem lançado instrumentos que objetivam o
apoio social e em saúde para a assistência de crianças e adolescentes vítimas
indiretas e/ou diretas da violência interparental.O Ministério da Saúde observa
um alto índice de violências no país, o que tem assumido um caráter endêmico.
Os jovens se configuram como os mais afetados pela violência e, também, os mais
envolvidos (Brasil, 2005). Isto posto, diretrizes são fundamentadas no
documento “Política de Redução da
Morbimortalidade por Acidentes e Violências” (Brasil, 2001), que incluem
promoção de comportamentos seguros, monitoração de ocorrência de acidentes e
violência, capacitações de profissionais para atuação multisetorial no contexto
de violência e apoio ao desenvolvimento de pesquisas que as fundamente.
A
notificação de casos de suspeita ou de confirmação de maus-tratos contra
crianças e adolescentes (Brasil, 2002), de caráter compulsório a partir do ECA
casos suspeitos ou confirmados, tem um papel importante na identificação e
descrição dos casos de violência e seus tipos, tornando-se um instrumento que
supre as poucas estatísticas oficiais sobre a violência doméstica no Brasil,
mesmo levando em conta as dificuldades práticas referentes a identificação do
fenômeno por profissionais de saúde.
Com
a Criação do Estatuto da Criança e do Adolescente, em 1990, a criança e o
adolescente passaram a ser titulares de direitos e deveres definidos. A lei
assegura prioridade à criança e adolescente, no que diz respeito ao orçamento
público, em receber socorro e atendimento médico, a vida saúde e alimentação,
desenvolvimento psicossocial; num contexto de integridade física, psicológica e
moral, direcionando ações de promoção dos direitos e defesa contra situações de
risco (Brasil, 1990).
Contudo,
mesmo com a existência desses instrumentos subsidiários das intervenções em
violência contra a criança e o adolescente no país, não faz com que as
intervenções existentes sejam plenamente eficazes e eficientes, pois os
recentes estudos, de modo geral, sobretudo aqueles que sustentaram a presente
pesquisa, revelaram que é significativamente baixo os estudos especificamente
direcionados à violência interparental assistida por crianças, o que representa
mais um fator para se concluir que necessitamos de referências para atuação e
para continuidade de pesquisas.
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Fellipe Salgado é mestre em Psicologia pela UFJF, graduado pelo CES-JF. Gosta de pesquisar temas da Psicologia Social, enfocando processos psicossociais, como os tipos de violência. Gosta de Psicologia Cognitiva, é músico e curioso de forma geral.