quinta-feira, 26 de março de 2015

A SÍNDROME DE DOWN


Recentemente a prática médica tem incorporado métodos para a determinação do risco de ter um filho com SD, como por exemplo, o exame bioquímico, que se realiza mediante a avaliação dos níveis de substâncias químicas no sangue materno alteradas no caso da SD. Este exame se realiza entre a semana 14 e 17. A ultrassonografia também pode colaborar para detectar a SD, através dos marcadores ecográficos, principalmente da prega nucal, que pode ser medida a partir da décima semana de gestação. Estas últimas intervenções não são consideradas diagnósticas, para isso é necessário realizar os exames mencionados em primeiro lugar.

A síndrome de Down (SD) é uma alteração genética produzida pela presença de um cromossomo a mais, o par 21, por isso também conhecida comotrissomia 21.
A SD foi descrita em 1866 por John Langdon Down. Esta alteração genética afeta o desenvolvimento do individuo, determinando algumas características físicas e cognitivas. A maioria das pessoas com SD apresenta a denominada trissomia 21 simples, isto significa que um cromossomo extra está presente em todas as células do organismo, devido a um erro na separação dos cromossomos 21 em uma das células dos pais. Este fenômeno é conhecido como disfunção cromossômica. Existem outras formas de SD como, por exemplo: mosaico, quando a trissomia está presente somente em algumas células, e por translocação, quando o cromossomo 21 está unido a outro cromossomo.
O diagnóstico da SD se realiza mediante o estudo cromossômico (cariótipo), através do qual se detecta a presença de um cromossomo 21 a mais. Este tipo de análise foi utilizado pela primeira vez em 1958 por Jerome Lejeune.
Não se conhece com precisão os mecanismos da disfunção que causa a SD, mas está demonstrado cientificamente que acontece igualmente em qualquer raça, sem nenhuma relação com o nível cultural, social, ambiental, econômico, etc. Há uma maior probabilidade da presença de SD em relação à idade materna, e isto é mais freqüente a partir dos 35 anos, quando os riscos de se gestar um bebê com SD aumenta de forma progressiva. Paradoxalmente, o nascimento de crianças com SD é mais freqüente entre mulheres com menos de 35 anos, isto se deve ao fato de que mulheres mais jovens geram mais filhos e também pela influência do diagnóstico pré natal,que é oferecido sistematicamente  às mulheres com mais de 35 anos.
Como a SD é uma alteração cromossômica, é possível realizar um diagnóstico pré natal utilizando diversos exames clínicos como, por exemplo, a amniocentese (pulsão transabdominal do liquido amniótico entre as semanas 14 e 18 de gestação) ou a biópsia do vilo corial (coleta de um fragmento da placenta). Ambos os exames diagnosticam a SD e outras cromossopatias.
Embora as alterações cromossômicas da SD sejam comuns a todas as pessoas, nem todas apresentam as mesmas características, nem os mesmos traços físicos, tampouco as malformações. A única característica comum a todas as pessoas é o déficit intelectual. Não existem graus de SD; a variação das características e personalidades entre uma pessoa e outra é a mesma que existe entre as pessoas que não tem SD.
Cerca de 50% das crianças com SD apresentam problemas cardíacos, algumas vezes graves, necessitando de cirurgia nos primeiros anos de vida.
A intervenção médica pode acontecer com a finalidade principal de prevenção dos problemas de saúde que podem aparecer com maior freqüência na SD. Queremos destacar que a SD não é uma doença e sim uma alteração genética, que pode gerar problemas médicos associados.
Devemos olhar a pessoas com SD em sua singularidade, para que possa ter um pleno desenvolvimento enquanto sujeito.
Por Érica Silva

ercsilvapsico@bol.com.br

segunda-feira, 16 de março de 2015

A CONSCIÊNCIA DE UMA FUTURA PSICOTERAPEUTA


“Por outro lado, se renunciarmos ao nosso senso de segurança, e admitirmos ao nosso senso de segurança, e admitirmos que este ser diante de nós é tão complexo, único e misterioso como nós somos; é uma pessoa, e que essa pessoa existe dentro de um contexto, então toda a natureza do encontro muda.”

O texto: A Consciência do Terapeuta nos faz refletir sobre a importância de sermos nós mesmos durante todo o processo junto ao nosso cliente. Enquanto Psicoterapeutas e/ou futuros Psicólogos, temos que estar conscientes que nossas ações emergem de acordo com a direção que a relação Psicólogo x Cliente irá tomando. O Psicólogo não é o “expert” da situação, até porque, cada cliente traz consigo o seu mundo, portanto cada relação se transforma em um novo encontro. Durante o curso sempre escutei que o cliente que está nos livros, não é o cliente que vamos nos deparar a nossa frente, e isto é fato. É necessário estarmos livres e não acorrentados a pré-julgamentos, porém se faz necessário uma boa preparação e assim poder estar inteiro durante o encontro com alguém que você nem ao menos sonha que existe, mas ele existe e estará a sua frente despindo-se e dizendo que precisa de ajuda.


Rogers nos diz: “Sinto-me mais feliz simplesmente por ser eu mesmo e deixar os outros serem eles mesmos.” De acordo com esta afirmativa podemos entender o quanto é necessário para um terapeuta e/ou futuro da Abordagem Centrada na Pessoa ser ele mesmo e deixar-se encontrar, e assim cliente x terapeuta tornam-se pessoa numa relação única e singular, porém devemos nos lembrar que não sabemos quase nada sobre a natureza de um ser humano vivo, como afirma Maureen Miller no texto. A consciência do terapeuta deve ser ampla diante das diversidades trazida pelo seu cliente, pois nem tudo parte do psicológico, portanto devemos nos apropriar da situação que emerge. Concordo com a seguinte afirmação: “Com todos os milhares de volumes escritos e publicados sobre o tema da condição humana, podemos, se desejarmos, dar-nos a confortante ilusão de que entendemos nossa natureza.” Quando paramos e refletimos sobre essa consciência do terapeuta e entendemos que não somos os donos da verdade, percebemos que nós também criamos possibilidades de crescimento junto ao nosso cliente, portanto esta consciência deve ser livre e espontânea já que este encontro torna-se singular e acontece de pessoa para pessoa.


O ser humano não é uma máquina, nós não somos máquinas, o trabalho do terapeuta não acontece como apenas um copiar e colar, o trabalho do terapeuta transcende seu corpo, sua escuta, seu olhar em todos os sentidos. Segundo Heidegger: “A condição terrena do homem atual está ameaçada em seu âmago. Mais ainda: a perda da condição terrena não é causada apenas pelas circunstancias externas e fatídicas, nem tampouco consiste apenas na negligência e superficialidade do modo de vida dos homens. A perda da condição terrena provém do espírito da ética em que nascemos. (...) O propriamente assustador não é o fato de que o mundo se torne cada vez mais técnico. Muito mais assustador é o fato de que o homem não esteja preparado para esta modificação do mundo, que nós não tenhamos condições de, numa confrontação adequada, meditar ponderadamente sobre aquilo que ocorre, sobre aquilo que propriamente acontece nessa época.” O terapeuta deve sentir-se confortável e assim poder entrar poder entrar no mundo do seu cliente, livre de quaisquer prejulgamentos partindo ta aceitação incondicional. 
Érica Silva

ercsilvapsico@bol.com.br

sexta-feira, 6 de março de 2015

IMPLICAÇÕES DA PERÍCIA PSICOLÓGICA PARA O PSICÓLOGO JURÍDICO














Por Gabriel Mendes


O Psicologo jurídico encontra-se implicada em um jogo triangular de produção de verdade e de razão, no qual pessoas em litígio se colocam à disposição da decisão de uma terceira instância, o Poder Judiciário. Ocupa, assim, um lugar estratégico no jogo de sedução do poder e da Justiça, pois é supostamente capaz de produzir a verdade que irá, finalmente, dissipar todas as dúvidas e justificar a decisão que será tomada.
Nesse nível é que se forma a sensibilidade – certos modos de olhar e de escutar – na relação com as pessoas entrevistadas; as quais, por sua vez, trazem consigo suas próprias expectativas e suas demandas relativas.
Embora toda a entrevista psicológica exija certos cuidados técnicos e éticos em relação ao modo pelo qual o entrevistador conduz a si mesmo na relação que estabelece com o entrevistado, não se trata aqui de uma relação terapeuta-paciente. O enquadre ganha limites bem diferentes daqueles do consultório e, mesmo que o falar na primeira pessoa do singular, diante de um outro que escuta, provoque potenciais efeitos subjetivos aos quais deve-se estar atento, a entrevista deve ser sempre, no contexto da perícia, destinada a produzir o laudo ou a prova, atravessada pelo conflito judicial.
Dizer isso, porém, não significa acomodar-se a simplesmente escutar as partes e executar aquilo que é determinado, sem qualquer crítica. É possível, ao longo das entrevistas, trabalhar as fantasias e as expectativas relativas aos lugares atribuídos pelas partes, graças à atualização, pela via da transferência, das histórias singulares e das relações que precederam a abertura do processo, o que fica claro no transcorrer das entrevistas, através das mudanças de posicionamento e atitudes das partes ao ser entrevistado. Essas falas, construídas a partir de histórias singulares, envolvem afetos, fantasias e expectativas que, ainda que atreladas ao processo, escapam ao alcance do saber judicial. Uma intervenção que leve em conta o elemento transferencial pode contribuir para que se produza, nas, e pelas partes envolvidas, uma ressignificação dos conflitos e da própria demanda judicial.

Ao assumir, portanto, ser o portador de certa verdade, o psicólogo, como perito, deve avaliar todas as possíveis implicações e efeitos que sua produção pode produzir no campo intersubjetivo que o processo configura, para que o psicólogo possam construir, com ética, caminhos e práticas profissionais.